domingo

Ao redor de um amor

o passado regressa num espectro de mulher
soletro os dias na espera do amor
para chorar em qualquer habitação segura
e derramar nos móveis todos os papéis queimados

você olha o vidro as folhagens de cedro
e sabe não deter nada
enquanto um passo ao redor do teu
retoma a narrativa do que nunca se disse

parado num arco de corda
na moldura guarnecida
ela acena e retorna
ao que soubesse do amor
nada avisa nada detém

me infiltrei no assoalho de tantas voltas
retorci o arco desta arpa
num giro de dança
o amor não assina debaixo do desenho
não marca os caminhos
e deixa os rastros anônimos.


                                         Carol De Bonis



(poesia inédita - 2012)




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