terça-feira

Teu barco: deriva ao avesso

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Ao avesso a lida
Da vida não espera
Espessa ao laço que lança

Renasce miúda em cada grão
Passo a passo da infância
Em teu barco deriva.

Pelo avesso a vida
Insiste efêmera
Sem véu ao desencontro

Ao abandono ao outro lado
O avesso, não escova, não se esconde
Infiltra feito delicadeza transbordada.

Tanto desejo desse avesso
Virar água mole pedra dura
Brisa leve

Leve bruma
Salgada em saudades
De beijos de alaúde.


*

Dentro da mulher
Habita o avesso
Das águas rosas,
Lilases em seus
Raios difusos

Perpetuando as pedras
Marinas sendo ela a
Água que bate e dura
Na insistência efêmera

Habita dentro a si mesma
Sem véu nua ao desencontro
Ao avesso, infiltra
Delicadeza transbordada

Habita aquela
Que se faz orquídea
Suspendendo as pétalas
Em qualquer moradia segura

Habita aquela dos ares
Com duas asas proteção
E ninho, habita:
Aquela submersa
Sendo em ti corpo
de embarcação para a infância.

Habita uma memória
Incontida de silêncios
Os astros em seu
Campanário noturno

Onde faz do céu
Os trajetos para sua
Saga de sol
Desejante

Selvagem a onça que
Habita ora nas lobas
Abandonadas feitas
Apenas para amar.