Não sou o que digo
Mas
é como se fosse
Digo
gaivotas asas feridas
Em
queda dentro de duas brancas
Pupilas
ao vento. Elas voam.
Num
ato de deslocamentos
Entre
o instante e o antigo
Entre
a terra e o céu
Como
se dizer estivesse fora do que eu digo
Como
se quando eu falasse
Algum
recorte de mim
Fosse
um fio sobreposto de imagens
E
fosse esse céu
Onde
avisto gaivotas
Regressando
dentro da língua
Essa
espécie de duplicidade
Presentes
em duas asas abertas
Presentes
ao dizer assim contornar
As
sílabas pelo fino fio
Será
um jogo de alegrias
Seria
jogo de tristezas
Ou
um jogo de alma e corpo
Prévia
anunciação
A
algum recorte que fita
Dentro
desse meu olhar, teu olhar?