sábado

Adentro a casa

Diria a casa com suas memórias
duas pontas de uma única teia enovelada
as paredes de um mar condensado desintegrando
a casa com suas memórias aquáticas
um túnel azul tinto
derramado de intangível o céu.

Perguntaria se as casas possuem uma memória anterior
se os olhos são respostas para a sinceridade
se debruças respondendo com o olhar
vês como uma prece ao silêncio esses muros
o soar no distinguir de uma estrutura
na ilusão do pó.

Adentro a casa
sabendo da memórias de outros espaços
deslocando o esquecer-me para saber
da memória das coisas
para me reconhecer no grão
pousado daqui aos objetos de luz
invenções sutis no instante
em que saio da margem do que sou
rumo ao afogamento da alma
e seus entes submersos.



Poesia inédita Carol De Bonis



imagem: Andrew Wyeth

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