Andar a cavalo é sempre para partir.
Andar a cavalo voa nos cabelos o vento
Voa nos ventos o olhar do horizonte
Onde me acena a tela da infância
Numa árvore fronteiriça até o limite
Onde ainda me reconheço
No vento ar remoto feito um filamento
Imemorial a esvair-se do chão
Sem as rédeas altissonantes
Do corpo em dois duplos
Se espelhando
Esperando
Do cavalgar
As toadas partidas
Andar a cavalo destoa o olhar tão derivado
dentro do mar
(não há o mar mas me acostumei a ver
como falta de quem sabe chorasse
não há o mar só a lagoa eu via a lagoa)
contornando chegando e retornando circular
em mim quem sabe inteira
no exato das suas margens
em que esquecem do que fui
na entrega para nascer
em uma árvore.
Deslizava solta pela a ciência dos pássaros sem
pouso
A cavalo a liberdade tem nome azul
Asas nos calcanhar
A moldura seja a janela pela qual acenas
A margem da distância
A separação anterior
Entre a vida e o amor
Entre a vida e o amor
Da perda a secreta pronúncia dos que partem
Para chegar portando as flechas
Lançadas a cavalgar.
*poema com muitos laços soltos iniciado há mais de um ano, modificado mas nunca pronto, nunca entregue assim num dia como esse em que é preciso lapidar o lirismo, em que é preciso cavalgar.
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